Fusão

Sempre que meu pai viaja, ele me traz um livro de algum escritor local. Do Uruguai, além de uma antologia poética de Mario Benedetti, ele me trouxe um CD. Estávamos em 2006, quando esse objeto ainda fazia algum sentido, quando os carros ainda tinham um espaço reservado para o CD player.

“Jorge Drexler. O cara da loja me disse que era o melhor cantautor uruguaio do momento”. O nome me soava familiar. Era aquele latino que tinha ganhado um Oscar por sua música na trilha sonora de Diários de Motocicleta. A produção do Oscar havia incluído a apresentação da música na cerimônia, mas impediu o seu compositor de executá-la, escalando Antonio Banderas e Carlos Santana para tocar uma versão bem esquisita da canção.
Em protesto, quando ganhou a estatueta, em vez de fazer um discurso de agradecimento, Jorge Drexler cantou à capela duas estrofes de sua música e “tchau”.

Quando eu fui ouvir o CD, chamado “Eco”, não conhecia outra música além da vencedora do Oscar, “Al Otro Lado del Río”. Talvez pela familiaridade, ela foi a minha primeira música preferida do disco, mas logo deu lugar a “Mi Guitarra y Vos”, que deu lugar a “Salvapantallas”, que perdeu para “Milonga del Moro Judío”… Foi me viciando numa música atrás da outra que esse álbum enterrou de vez a minha adolescência “roqueira intolerante” com o pop.

Hoje, mais de dez anos depois, só uma ou duas faixas ainda não tiveram a sua fase de minha música favorita do CD. Atualmente, eu estou viciado em “Fusión”, e queria cantar a sua letra original, mas meu uruguaio é fraco, então eu ousei escrever uma versão em português.

Procurei fazer a tradução mais direta possível, sempre que isso não prejudicasse o sentido da letra ou seu encaixe na melodia. Vejam aí.

Quase ia me esquecendo de novo: a Seu Geovane, a quem nunca agradeci, obrigado pelo presente.

 

Thiago Amazonas de Melo


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